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terça-feira, 31 de maio de 2016

Propriocepção para todos

Há 3 ou 4 anos eu praticava propriocepção com frequência e disciplina. Vi, senti, percebi os benefícios na minha corrida. Performance, estabilidade, consciência corporal... veio tudo isso, no meu caso.

Mas para quem gosta mesmo é de correr, é difícil manter a disciplina no longo prazo. E confesso que quando me falta tempo, trocar um treino de corrida por um de propriocepção não é bem meu natural. Por isso hoje faço esse tipo de treino quando dá. E quando a regra é frouxa assim, quase sempre não dá.

Mas conheço e reconheço os benefícios. E meu treinador me avisou (sim, apenas me avisou!) que em junho retomaremos uma sessão de propriocepção semanal. Fui relembrar alguns dos benefícios dela e resolvi aqui compartilhar com vocês.

Experimentem, caso isso não faça parte da rotina de vocês!

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Sempre achamos que temos equilíbrio, resistência e consciência corporal. Mas basta sermos colocados em uma superfície instável para que tudo isso desapareça na hora em que mais precisamos.

Como o nome diz, propriocepção é a percepção de posicionamento que o corpo tem no espaço, também conhecido como cinestesia. Essa percepção só é possível graças a sensores neurais (pressorreceptores) e ao sistema nervoso que recebem informações e rapidamente mandam uma resposta.

Um bom exemplo é quando pisamos no Bosu (dispositivo azul e preto da foto acima). Ao pisar, nosso pé entorta e automaticamente contraímos os músculos para endireitarmos o pé e recuperar o equilíbrio. Esse estímulo provoca uma maior consciência corporal, protege as articulações e coordena melhor os movimentos.

Provavelmente, nas próximas vezes em que você subir no Bosu, parecerá bem mais fácil. Treino de propriocepção é indicado para todos. Sim, para todos! E proporciona muitos benefícios como:

– Prevenção de lesões: a resposta aos estímulos passa a ser mais rápida, as articulações (ligamentos e tendões) ficam mais resistentes e fortes. Assim, caso você pise em uma pedra durante uma corrida, por exemplo, a musculatura responderá rapidamente e a articulação suportará a carga até que o movimento seja corrigido. Ideal para atletas de todos os esportes e para a terceira idade; 
Consciência corporal: à medida que o corpo se adapta a esses estímulos, os movimentos passam a ser melhor coordenados e você sentirá com mais precisão sua posição e postura.

Equilíbrio: com maior consciência corporal, melhor coordenação motora e resposta mais rápida aos estímulos, o equilíbrio só poderia aumentar também. Muito importante para atletas, principalmente os que praticam esportes de muito contato físico e para a terceira idade que,  com o passar do tempo, tem essa habilidade prejudicada.

Recuperação de lesão: a propriocepção é muito usada por fisioterapeutas para a recuperação de lesões, apesar de também ser um trabalho de fortalecimento preventivo.

Não são exercícios do Cirque de Soleil ou macaquice, comentários que ouço frequentemente! No treino de propriocepção os exercícios devem ser instáveis e isso quer dizer que devem gerar um certo desequilíbrio, porém em ambiente controlado.

Muito comum usar alguns equipamentos para facilitar essa instabilidade, tais como: jump, fit ball, bosu, balance disc, medicine ball e TRX. Porém há exercícios que não requerem tais equipamentos como atividades com um pé só, abdominais prancha, agachamento e stiff unilateral.

Os exercícios possuem dificuldades diferentes e cabe a um profissional da área orientá-lo. Devido ao grau de instabilidade, algum exercício pode causar o efeito contrário e gerar uma grave lesão. Os exercícios também devem ser planejados para que não sobrecarreguem articulações ou musculatura.

 
Fonte: http://horadotreino.com.br/treino-de-propriocepcao/

domingo, 15 de maio de 2016

Florianópolis por João Machado

Última perspectiva de Florianópolis 2016. Como escrevi há alguns dias, convidei três amigos, de pura identidade, para expressarem suas respectivas visões da prova. Floripa é múltipla e através de nossos 4 relatos, quis trazer aos meus leitores uma visão mais plural dessa experiência. Espero que tenham gostado disso, pois nós nos divertimos correndo e redigindo!

Sabe aquele significado de Brother, da gíria, da linguagem coloquial? Funciona assim: “Amigo, parceiro, aquele que está junto em todos os momentos, amigo para toda hora”.

Isso é Brother. Isso é João Machado.
Fomos parceiros de Floripa pelo 2º ano consecutivo. Para o Joao, tem tempo ruim não. É pra correr pouco? ‘Vamos!’ Correr muito? ‘Vamos também!’ Mas é para encarar umas ladeiras, João... daquelas íngremes... ‘Tô dentro!’.

Dos 17 trechos de Floripa, tem um especialmente temido: o trecho 15. Tem nome e sobrenome: Morro Maldito.
Nesses meus 4 anos de Floripa, já vi gente reagir mal ao saber que havia ganhado o Morro Maldito na prova. Só não tinha visto um cara pedir pelo Morro! E João pediu. E ganhou. E encarou o morro de frente, de cabeça erguida.

Eu estava na transição do trecho 15 para o 16, ou seja, na chegada do João. Posicionei-me de forma que o vi correr os últimos 40-50 metros até a transição. Quando ele passou a pulseira de revezamento e o Corredor seguinte se foi, a primeira pergunta foi: “Como foi, João?!”. E uma única palavra saía da boca dele nos 10 minutos seguintes em que caminhamos de volta até a Van: “Desumano, desumano, desumano”.
Só que Floripa é Floripa... e guerreiro é guerreiro. Ao chegar na Van, entre garrafas de água, suplemento e saco de gelo para a panturrilha, João complementou a frase que talvez estivesse presa na garganta seca desde que ele passou a pulseira: “Desumano, mas eu faria de novo”.

Esse é o meu Brother João!
Foi monstruoso na contribuição à logística da prova. Abriu mão de passar o dia na Van e passou o dia em um carro, pois precisávamos da liderança dele no outro polo logístico.

João, eu quem te agradeço por antes, durante e depois de Floripa! Você é justo, resiliente, verdadeiro (doa a quem doer), sem meias palavras, sem frescuras. Você foi a humanidade no desumano Morro! Você é a humanidade, humildade e verdade que às vezes faltam, mas que não podem faltar em Floripa!
 

Floripa e seus Desafios 
Volta à Ilha é uma prova sensacional, para aqueles corredores que sentem o desafio correr nas veias...
Corro desde 1997, especialmente em corridas de rua, mas aos poucos sinto que as montanhas e provas de aventura me chamam e tenho tentado fazer essa transição aos poucos. Esse foi meu segundo ano na prova. No primeiro ano classifico minha participação como satisfatória, já que ano passado fiz 2 trechos, completamente diferentes do que estava habituado a competir.

Para minha segunda participação, após o convite do Eduardo Barbosa, Treinador da 4Any1, senti que precisava fazer melhor, e para isso fiz questão de escolher o trecho do Morro do Sertão, o temido “MORRO MALDITO”.
Totalmente focado, iniciei os treinos em Janeiro/16, aonde meu treinador preparou uma planilha especial devido ao grau de dificuldade do Morro e iniciamos os treinos gradativamente. Não pense em fazer essa prova caso você não esteja realmente focado e treinado, pois existem muitos “Fatores Surpresa” durante os trechos, que podem realmente fazer você “quebrar” e prejudicar a equipe.

Outro fator muito importante é a “LOGÍSTICA”. Isso mesmo, temos 2 carros para percorrer os trechos, resgatar e deixar os atletas. Existem certos trechos que somente o carro 1 pode entrar e isso complica um pouco a operação, ainda mais que com o decorrer do dia, o trânsito na Ilha vai aumentando e existe a possibilidade de algum atleta chegar atrasado em seu trecho, perdendo assim minutos preciosos, como ocorreu no ano passado. Nesse ano nosso Engenheiro de Logística, Marcos (sim, nossa equipe tem um responsável pela Logística, rss) preparou  esquema diferente e acabei ganhando um papel muito legal na ajuda no carro 2. Nem preciso dizer que a operação foi um sucesso e tudo correu melhor que o previsto.
Falando um pouco sobre meu trecho: larguei às 15:15 com um sensação térmica de aproximadamente 40 graus. São aproximadamente 3,5km iniciando na praia, juntando com asfalto e, posteriormente, inicia-se a subida em estrada de terra e pedriscos. Aproximadamente 5km de subida e 1km de descida muito íngreme, juntando com mais quase 8km de estrada a calçamento, com muito sobe e desce. Pra mim as maiores dificuldades são a descida e o pós, mas concluí o trecho no nosso tempo previsto. Infelizmente presenciei alguns corredores passando mal no final da subida e também no final da descida, realmente o Morro é Maldito, rsss.

Mas aí vem a pergunta, porque fazer essa prova tão difícil? Para mim, alguns fatores são primordiais, e serão valores e lições que levaremos para o fim de nossas vidas:
- Desafio – Por ser tão desafiadora, você descobre que existem forças dentro de você que te ajudam a passar quaisquer outros obstáculos em sua vida, tanto pessoal como profissional;

- Companheirismo – Se você é daquelas pessoas individualistas ou tem o Ego maior que qualquer coisa, nem pense em fazer essa prova. A Amizade e o espírito de equipe devem reinar, pois nessa prova uns dependem dos outros, podem apostar.
- Natureza – Pra quem gosta de um lugar paradisíaco, Floripa é sensacional. Esse ano cheguei 2 dias antes e fui embora no dia seguinte à noite. Aproveitamos cada minuto, pra quem puder encaixar umas férias pós prova... Fica a Dica.

Gostaria muito de agradecer a Rivania, pela honra de escrever no Blog. Uma pessoa ímpar em todos os sentidos, alem de ser uma excelente corredora.  Agradecer a meu Treinador Eduardo Barbosa pelo profissionalismo. Agradecer ao Marcos pelo excelente trabalho na Logística, e claro, agradecer a todos os meus companheiros de Equipe, Ana, Analice, Diedson, Francisco, Renato Japa e Rodrigo. Todos foram sensacionais e sem a ajuda de todos não teríamos conseguido a 8º colocação na Categoria Aberta Mista.
 




 

sábado, 7 de maio de 2016

Florianópolis por Ana Rejane

Mais uma perspectiva, mais uma visão de Florianópolis.

Ana Rejane. Corredora há 8 anos e minha amiga de Floripa em diante.

Na linguagem coloquial, dizem que o santo da gente bate ou não bate com o de alguém. Se tem santo se "batendo" mesmo por aí, o meu bateu com o dela e o dela comigo!

Aninha é carismática, agregadora, generosa, engajadora. Cuidou de todos nós durante o dia na rédea curta: distribuía água, frutas, suplemento, protetor solar. Nas horas vagas, entre um e outro trecho, transformou a van em um salão de belezas! Meu cabelo embaraça demais ao vento, durante a corrida. Ele não sossegou enquanto não o desembaraçou! E por que tudo isso? Porque ela estava bem apenas quando o grupo estava bem.

No jantar pós prova, o discurso à mesa foi dela. Um discurso honesto, de gratidão, do coração. Do coração como ela mesma é.

Floripa tem altos e baixos. E não falo de altimetria agora. Falo de experiência de time, de liderança, de generosidade. Os altos ficam. Os baixos não ficam. Não ficam no coração, não ficam como exemplo, não ficam como boas recordações.

Aninha, você faz parte da parte de Floripa que fica. Fica de Floripa em diante: para sempre!

  

Por Ana Rejane
 
Tudo começou em setembro de 2015, quando o meu treinador, Eduardo Barbosa, me fez o convite para participar da corrida Volta à Ilha de 2016 em sua equipe.

Achei que fosse brincadeira, mas aceitei, segui suas orientações, peguei firme nas planilhas de corrida e nos treinos funcionais para fortalecimento e resistência, o que me ajudou muito. 

Faltando 30 dias, a ansiedade começou a tomar conta. Tive também que fazer outro trabalho (de controlar a ansiedade!) para não estragar tudo. O marido resolveu me acompanhar para me dar um apoio, o que achei ótimo, e quando chegamos em Florianópolis eu não acreditava que era real. Sempre achei que fosse uma prova muito difícil e que não estivesse ao meu alcance. Era um sonho que estava realizando!

Foram quase 13 horas, dentro de uma Van com pessoas que passei a conhecer um pouco melhor. Ali percebi o quanto estávamos empenhados em fazer o nosso melhor tempo. Para mim era tudo muito novo, pois nunca corri em revezamento por tantas horas, amei conhecer pessoas do bem, que se preocupam umas com as outras. Esse foi o ganho extra da prova...

O meu primeiro trecho foi de asfalto (9,8 km), concluído em 55  minutos, com quatro subidas de matar. O segundo trecho foi areia fofa: 5,5 km debaixo de sol de 33 graus, às 13h30 da tarde. Insano e desumano. Concluí em 31 minutos. 

Me senti tão realizada que faria tudo novamente. Amo correr e a corrida mudou a minha vida desde 2008.

Obrigada Rivania por me permitir te conhecer um pouco mais e participar do seu blog. Temos uma paixão em comum, CORRER.
 




domingo, 1 de maio de 2016

Florianópolis por Rodrigo Righetti

Muito obrigada pelos comentários no post da Volta à Ilha de Florianópolis! Estão respondidos por mim no campo de Comentários.

E sigamos falando mais um pouco de Floripa.
Eu queria oferecer a vocês, meus leitores, mais que apenas uma perspectiva da prova. A minha vocês tiveram no post anterior. Mas Floripa merece ser vista de diferentes ângulos.

Por isso, no post de hoje, um queridíssimo convidado: Rodrigo Righetti.
Rodrigo esteve na mesma equipe que eu. Nos conhecemos em Fevereiro, no primeiro encontro presencial da equipe que correria em abril. E desde aquele dia na pizzaria eu gostei do Rodrigo: objetivo, silencioso, determinado, claramente estava indo para Floripa para correr. Ué, mas todos vão para Floripa para correr, certo? Nem sempre... tem gente que vai pela farra, outros pelo astral, pelo ambiente, pelas paisagens, enfim, por motivos que não prioritariamente têm a ver com a competição em si. Mas era fácil ler no comportamento do Rodrigo que ele estava indo para lá para correr, para competir. Já gostei dele ali mesmo!

E chegando a Floripa, 2 meses depois, não deu outra. Ele era mesmo quem eu achava que era. Meticuloso, sabia muito de seus trechos. Curioso, questionava detalhes das previstas 12 horas de prova, do dia, de seus trechos a quem já havia corrido mesmos trechos em anos anteriores. Minucioso, desafiou a projeção de tempo que lhe havia sido atribuída em uma das simulações de conclusão de prova feita semanas antes (Sim! Nossa equipe de Corredores teve um planejamento de Engenheiros, com simulação de tempo, de pace, logística trecho a trecho, etc). E Rodrigo mais uma vez estava certo: sua projeção de tempo estava incorreta e ele cobrou que fosse revisada na simulação.
E Rodrigo estava certo quando aceitou o desafio de correr a ilha. Se apaixonou à primeira vista. E eu também estava certa: Rodrigo é o tipo de Corredor que se quer ter por perto numa experiência dessas: leal, gênero, obstinado e competitivo.  
Prazer conhecê-lo, Rodrigo! Hoje, no dia de seu aniversário, o post é seu! E “amanhã”, espero que corramos outras provas cheias de significado, como Floripa.

Rodrigo e seu respeitável currículo: nascido em São Paulo, corre há 2,5 anos, mas já encaixou 44’ nos 10km e estreou na meia maratona com 1h39’.
 

Paixão à primeira vista

Uma prova única, que todo amante da corrida deveria participar pelo menos uma vez. Assim eu resumo a Volta à Ilha.
 
Corri a prova pela primeira vez nesse ano, após ouvir muita gente falar bem sobre ela, ler e assistir a algumas matérias que só elogiavam a corrida. E posso dizer que todos os comentários e elogios estavam certos, foi paixão à primeira vista.
 
Para que isso acontecesse, dois aspectos foram primordiais: o primeiro foi a oportunidade de correr em time num esporte que normalmente é individual, e até solitário. Defender uma equipe de corrida aumenta a sua responsabilidade, mas também dá uma motivação extra. A experiência de fazer parte de um "time de corrida" para mim foi sensacional, principalmente porque o nosso grupo se ajudou o tempo todo, se uniu e criou um ambiente muito bacana nas mais de 12h que passamos juntos.

O segundo ponto que me atraiu nessa prova foram os “fatores surpresa”, que não são tão comuns assim nas corridas de rua, com as quais estou acostumado. Na Volta à Ilha, por mais que você se prepare bem e estude o percurso, há muitos fatores inesperados, como uma areia mais fofa do que você imaginava, correr num horário totalmente atípico, a sensação térmica de quase 40 graus, o riacho que você tem que enfiar o pé pra atravessar, etc. O fato de ser uma prova que dura o dia inteiro também contribui para que esses fatores surpresa apareçam em momentos que você não está correndo, pois você passa um dia inteiro em uma van ou carro, se alimenta de forma totalmente diferente do que está acostumado, tem que se virar com banheiros químicos e muito mais. Essas surpresas com certeza dificultam a performance, mas acrescentam uma grande emoção à prova.

Além desses aspectos, eu não poderia deixar de citar o visual e o alto astral de Floripa que eu já conhecia como turista, mas não como corredor. As paisagens da cidade são um fator de motivação a mais e é incrível como cada ponto da ilha tem uma beleza diferente, que chama a atenção. Confesso até que torci para o sol sair e deixar o dia mais bonito, mesmo sabendo que iria sofrer muito com o calor pra correr um trecho às 11h e outro às 15h.
 
Enfim, a Volta à Ilha é uma prova muito prazerosa, mas também muito difícil. Não só pela corrida em si, mas também por toda a logística que tem que ser muito bem planejada e também pelo fato de ser um dia totalmente ímpar, com horários atípicos, alimentação diferente e o desgaste de passar muito tempo dentro de carros e andando de um lado pro outro sob o sol. Mas sem dúvida as dificuldades são pequenas perto do prazer de cruzar a linha de chegada e passar o bastão para o seu companheiro e principalmente de cruzar a linha final com toda a equipe junta! 

Agradeço a todos que me receberam muito bem na equipe 4any1 Off Road: Ana, Analice, Diedson, Edu, Francisco, João, Renato, Rivania, Marcos (o craque da logística), Juan e Paulo, que nos conduziram nessa jornada. A Volta à Ilha deixou aquele gostinho de “quero mais”. Com certeza espero estar presente novamente em 2017!