Além do benefício
físico, o esporte tem a capacidade de ensinar muito às pessoas e
reproduzir situações semelhantes às do cotidiano. É comum constatar que a
corrida se converte rapidamente em uma poderosa ferramenta de autoconhecimento
e ajuda a pessoa a ficar mais forte psicologicamente.
Talvez isso explique a enorme
popularidade da modalidade em todos os cantos do planeta. A cada quilômetro nos
treinos e provas, a corrida pode nos dar uma série de lições. Listamos quatro
fatores da corrida que contribuem para que ela seja também uma aliada da sua
mente.
1) Terapia sem custos
“A corrida gera
autoconhecimento. É um esporte sem intervalos em que a pessoa fica sozinha e
está pensando o tempo todo. E tem sido cada vez mais raro entrar em contato
consigo mesmo na sociedade atual”, explica a psicóloga do esporte Julia Amato.
A rotina de
trabalho, a convivência familiar e até mesmo os inúmeros dispositivos
tecnológicos que surgiram nos últimos anos fazem com que o tempo para refletir
sobre os rumos da própria vida seja cada vez mais escasso. Além de trazer
benefícios à parte física, a corrida representa uma jornada de
autoconhecimento. Os minutos ou horas em que a pessoa se dedica às passadas são
acompanhados de diversos pensamentos sobre profissão, projetos pessoais e
relacionamentos. É uma espécie de terapia de baixo custo.
2) Desenvolve
resiliência
Imagine a seguinte
situação: você está no km 34 de uma maratona para a qual se preparou durante
cinco meses e sente um forte incômodo em um dos pés. É inevitável pensar que
abrir mão daqueles 8 km restantes seria jogar no lixo toda a dedicação dos
meses anteriores. É aí que você tira um gás que pensava que não tinha e cruza a
linha de chegada. O sacrifício físico e mental é transformado automaticamente
na gratificante sensação de dever cumprido.
As dores são
obstáculos comuns para quem vive a corrida há algum tempo. Transportar essa
resiliência (a capacidade de lidar com problemas, adaptar-se a mudanças e
resistir à pressão de situações adversas) para outros campos da vida pode te
levar mais longe na profissão, por exemplo.
3) A importância de
dosar a competitividade
A competitividade é
o motor para que qualquer esportista tenha vontade de superar limites e
alcançar grandes objetivos. É esse apetite que te move a resultados que nem
você acredita que seria capaz de alcançar.
Em contrapartida, a
competitividade em excesso pode provocar ansiedade, lesões e problemas
interpessoais. Afinal, ninguém quer conviver com um egocêntrico que, antes de
dar “bom dia”, sai tagarelando sem critério algum sobre seus tempos nas
maratonas de Chicago, Berlim ou Boston, talvez com o intuito de diminuir os
feitos dos outros.
“A competitividade
é sadia quando a pessoa direciona isso para a dedicação nos treinos, a
alimentação regrada e as atividades complementares, como a musculação, por
exemplo”, analisa Amato.
4) Lições de
humildade
Você certamente já
se deparou diante de um amigo ou companheiro de treino que estabeleceu metas
inatingíveis para a corrida. Saltar dos 5 km para a meia-maratona em apenas
dois meses e almejar um tempo baixíssimo sem treinar o suficiente para
alcançá-lo são apenas alguns dos exemplos de objetivos pouco ou nada factíveis.
Os tombos na
corrida devem ser encarados como verdadeiras lições de humildade, sinais de
alerta para a transformação de nosso comportamento no esporte – e, por que não,
na vida. Lidar com a frustração e usar as experiências negativas para acertar
no futuro é uma das heranças da modalidade.
Sua forma de
encarar a corrida pode ser um sinal de sua arrogância – ou de sua humildade, é
claro. Nenhum corredor está imune às dificuldades que podem surgir no percurso.
Por mais preparado que você esteja,
sempre pode pintar algum contratempo. Na Maratona de Londres de 2017, Kenenisa
Bekele esperava quebrar o recorde mundial dos 42 km, mas terminou com a segunda
colocação e encontrou uma justificativa incomum para seu fracasso: culpou seu par de tênis pelo resultado. A declaração soou
arrogante e repercutiu mal na mídia estrangeira.
Fonte: https://www.ativo.com/corrida-de-rua/treinamento-de-corrida/como-a-corrida-ajuda-uma-pessoa-a-ficar-mais-forte-psicologicamente/