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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Bula de remédio - parte 2

E na continuação de nossa "bula de corrida feminina", boas notícias apareceram!


Somos mais resistentes à dor, mais pacientes na corrida por performance e podemos até usar o ciclo menstrual a favor.


Me chamou atenção o percentual de gordura considerado saudável para mulheres no sentido de evitar problemas hormonais no futuro - 22%. Achei alto. O meu, por exemplo, é bem menor que isso. Ponto para rediscutir com minha nutricionista na próxima consulta!


Desfrutem da 2a e última parte dessa bula da corrida.


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Seguindo a tabelinha
Engana-se quem pensa que a tradicional tabelinha tem como única função a contracepção. Nada menos que 80% das corredoras preferem treinar no período após o fluxo menstrual. Por isso é interessante que seja feito um planejamento do ciclo de corrida em relação ao calendário menstrual da mulher.
Se o treinador se dispuser a planejar o treino de acordo com essas fases, a atleta provavelmente terá mais resultado na sua performance. Mas nem sempre isso é possível, em função da grande quantidade de alunos e, principalmente, por se tratar de uma questão muito individual de cada mulher, sendo inviável padronizar os treinos.
Na avaliação de treinadores o ciclo ovulatório menstrual é o norteador para a montagem dos treinos. Em cada fase desse ciclo, o corpo da mulher responde de forma diferente. Portanto, é necessário adequar as cargas, levando-se em consideração cada período.
Quanto aos efeitos da tensão pré-menstrual, um estudo publicado em 2002 pela universidade British Columbia, do Canadá, mostrou que entre 60% e 70% de um grupo de mulheres sedentárias que sofriam de TPM e iniciaram atividade aeróbica apresentaram diminuição dos sintomas que aparecem nessa fase. Após seis meses, a corrida as libertou de inchaços, dores nos seios, irritabilidade, depressão e cólica.
A explicação para isso é que ao praticar exercícios físicos, o organismo começa a liberar, no cérebro, a endorfina, um neuromediador que facilita a comunicação entre as células nervosas, proporcionando a sensação de paz e bem-estar. A ação da endorfina ajuda a minimizar os principais sintomas da TPM: depressão, ansiedade, irritabilidade e alteração do humor.


De igual para igual
Por mais que inúmeras diferenças existam — sendo elas fisio ou biológicas —, não se pode dizer que mulher é o sexo frágil, que não suporta ser submetida ao estresse e que não aguenta correr longas distâncias. Pura bobagem. O treino da mulher exige mais cuidados, tem de ter um caráter preventivo, mas isso não quer dizer que ela não possa correr tanto quanto o homem. A mulher e o homem podem ter treinos iguais e correr as mesmas distâncias. A diferença estará na intensidade dessa corrida.
O que as mulheres precisam é de um aporte bem adequado do ponto de vista nutricional e de reforço muscular, pois o seu morfotipo tende ao aparecimento de lesões específicas. Do ponto de vista alimentar, como os treinos de longas distâncias tendem ao aumento do catabolismo proteico, o suporte nutricional é indispensável. Uma vantagem é que a mulher, por ter uma capacidade muito boa de oxidar os ácidos graxos (gorduras), pode ir muito bem em provas de longa duração.
Os exercícios que ficam muito acima do limiar anaeróbico são os que vão causar alterações nos eixos hormonais. A mulher precisa ter 22% de gordura em sua massa corporal para manter um perfeito ciclo hormonal. Se emagrecer demais por conta dos treinos, ela poderá sofrer alterações no futuro. No entanto, se o treinamento respeitar os seus limites, não há nada que impeça a mulher de galgar os mesmos objetivos que o homem. E de chegar lá.


Penso, logo corro
Mas e a favor? O que o sexo feminino tem ao seu lado, como carta na manga para desenvolver um treino eficiente e tão bom quanto os dos homens? “A mulher é mais comprometida, mais determinada e paciente para alcançar bons resultados”, avalia Camila Hirsch, diretora técnica da assessoria Personal Life.
A diferença comportamental é evidente entre os sexos. O homem é mais ávido pelos resultados, enquanto a mulher é mais focada no desempenho. Isso acontece porque a mulher se permite ter metas longas, sem a ansiedade de conquistar logo o resultado. O homem força, termina seu objetivo e se machuca. Aí tem de ficar parado por um tempo. A mulher conquista o mesmo objetivo com um pouco mais de tempo, é verdade, porém com mais saúde.
De acordo com Camila Hirsch, pela sua característica viril e competitiva, em geral o homem corredor muitas vezes coloca tudo a perder. Eles vão ao extremo do treinamento, às vezes roubam alguns quilômetros, não têm paciência de ver o desenvolvimento do treino. Já a mulher sabe usar a cabeça para comandar o treinamento. Independentemente da sua força, ela, em geral, consegue fazer um treino ou uma prova melhor do que o homem.
A mulher também tem mais tolerância à dor, está mais preparada para sofrer e sabe lidar bem com isso. As próprias cólicas menstruais e a gravidez são fatores que ensinam a mulher a administrar bem a dor. E na corrida, como algumas dores são praticamente inevitáveis, de nada adianta tanto condicionamento e capacidade se o psicológico não consegue administrar o estresse. O psicológico é essencial para o treinamento bem feito. Se não tem uma estrutura psíquica bem formada, o atleta, seja homem ou mulher, pode colocar tudo a perder. Nesse ponto, aliás, os especialistas concordam: a medalha vai para as mulheres.

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