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domingo, 18 de setembro de 2016

Bichinho ou Monstrinho?


E o tal bichinho da corrida? Será que existe isso mesmo? Popularmente fala-se muito “nele” e eu me peguei refletindo sobre isso após uma conversa com meu amado e querido irmão que, mais uma vez, está tentando tomar gosto pela corrida. Há alguns dias, entre uma e outra sessão de treinos que ele anda fazendo para uma competição de rua promovida pelo seu time de futebol (a propósito, nosso time de futebol!), eu lhe perguntei se, dessa vez, mesmo passada a prova, ele seguirá investindo tempo em correr. E a resposta veio rápida, sem pestanejo: “não sei, ainda não fui picado pelo bichinho da corrida”.  

Por que alguns são “picados”, se rendem, fazem disso uma necessidade, um estilo de vida, uma terapia e outras pessoas simplesmente não curtem correr? Fiquei pensando sobre o que me fez ser, digamos, mais que picada, mas devorada pelo monstrinho da corrida.

Tive o beneficio de mais que “apenas” correr. Tive o privilégio de conhecer gente que me inspirou, que me plantou a semente da performance, gente que conheci e desejei ser igual quando “crescesse”. Tive a sorte de me descobrir uma amadora rápida e colecionar bons resultados em provas de distâncias diferentes o que me gerou um loop positivo, uma automotivação sem precedentes. Tive a benção de colocar amigos e conhecidos na corrida, seja por influência mais ou menos silenciosa. E isso me retroalimentou muito. Sempre tive gosto por redigir, mas o tempo e a falta dele me tiraram o hábito de escrever. Mas a corrida me proporcionou a oportunidade de me expressar pela redação novamente. Imagine o prazer de uma corredora escrevendo sobre corrida? E de quebra, julgo que a corrida vem me dando uma oportunidade de autoconhecimento como nunca havia experimentado antes.
Taí, no meu caso foi bem mais que uma picada. E foi bem mais que um bichinho. Fui devorada pelo monstrinho.

Mas por que isso não acontece com todo mundo que prova dessa picada?!

Eu não tenho essa resposta, mas encontrei um texto que resume algumas das armadilhas, alguns dos blockers que impedem muitos corredores de seguir em frente. Fez sentido para mim. Espero que faça sentido para outros e, em especial, para meu amado irmão!
É preciso entender que a corrida é mais que colocar um pé à frente do outro, mais que flutuar no ar por um instante no tempo, mais do que criar resistência, que ficar ofegante, que se inscrever em uma prova e ganhar uma medalha no fim dela. A corrida é uma metáfora da vida. Nela você aprende que cada dia é um dia, assim como cada treino é um treino. Um dia é duro, outro nem tanto. Um dia feliz, outro a ser apagado do calendário. Mas assim como na vida, na corrida você está lá, fazendo força ou se divertindo, aprendendo, sorrindo ou se frustrando, mas acima de tudo melhorando e se conhecendo mais, bem mais.

Correr é provavelmente a melhor de todas as atividades físicas. Promove o condicionamento físico, aumenta os níveis dos hormônios do prazer e bem estar, melhora a saúde, faz perder peso e pode ser feito em qualquer lugar e quase por qualquer pessoa. Corredores também dirão que correr é uma das melhores coisas que existem. No entanto, correr não causa uma boa primeira impressão em muitos iniciantes, cuja sensação de exaustão é inegavelmente desagradável. Na verdade, de acordo com levantamento feito nos Estados Unidos pela Running USA, essa “dureza” inicial é a barreira número um para que mais pessoas habituem-se a correr. Há um dilema aqui. Você tem que gostar de correr para fazê-lo regularmente, mas você tem que correr regularmente para curtir a corrida. Como é que um novato lida com esse paradoxo para se tornar um corredor? Algumas dicas podem ajudar.

Vá no seu próprio ritmo
Muitos especialistas em corrida encorajam homens e mulheres a exercitarem-se em determinadas intensidades que são comprovadamente eficazes para melhorar performance. O problema com esta abordagem é o desconforto o que os desencoraja a continuar o plano de corrida. Algumas pesquisas mostram que iniciantes se sentem mais confortáveis quando lhes é permitido decidir sobre a própria intensidade.  A abordagem de menos intensidade pode tomar mais tempo para o Corredor atingir objetivos, o que não importa se é isso que determinará a continuidade ou a desistência.

Outra pesquisa mostrou que iniciantes que têm primeiros treinos relativamente agradáveis são muito mais propensos a exercitarem-se por pelo menos seis meses mais do que os novatos que “sofrem” em seus primeiros dias. Por isso é importante fazer de tudo para que a corrida seja a mais agradável possível quando você está começando, em ritmo confortável. Não deixe qualquer cobrança interna ou força externa obrigá-lo a ir mais rápido do que você se sente pronto para.

Vacine-se contra a dor muscular
Não é apenas o esforço durante a corrida que desencoraja a continuidade de muitos iniciantes. É também a dor que vem depois. Dor muscular tardia (também conhecida como DOMS) é causada por micro lesões musculares associadas a níveis de esforço aos quais não se está habituado. É outro beco sem saída. Uma vez que você se acostuma com o esforço de correr, você experimentará menos dores musculares. Mas você primeiro tem que sofrer com a DOMS para tornar-se resistente a ela. A DOMS é inevitável para o corredor iniciante, mas pode ser minimizada ao se “vacinar” os músculos contra o estresse da corrida. Os músculos se tornam mais resistentes ao estresse após as primeiras exposições a ele. Portanto, em seu primeiro treino aplique tensão suficiente apenas para provocar este efeito e não mais porque mais esforço só resultará em mais dor.
Comece fazendo corridas curtas. E em vez de correr ininterruptamente, faça pequenos intervalos de caminhada intensa para recuperar o fôlego. Caminhe, trote, termine o trote dando um gás extra de 30 segundos e volte para a caminhada intensa. Repita esses ciclos até fechar seu tempo de treino nos primeiros dias. E pare, mesmo se você sentir que poderia fazer mais. Claro, você parece estar bem na hora, mas se sentirá dolorido no dia seguinte — mas menos do que se tivesse continuado. E o mais importante, estará menos dolorido depois após as corridas subsequentes, graças a esta “vacina”.

Dê-se um mês
Você levará cerca de um mês para começar a sentir-se mais confortável quando corre. É importante saber disso e definir suas expectativas. Começar com a esperança irreal de estar fisicamente condicionado em algumas semanas só irá desanimá-lo e aumentará a possibilidade de desistência. Por outro lado, o tempo passará mais rápido e você não levará mais que 3 ou 4 semanas para começar a sentir diferenças. Tenha um comportamento “sem desculpas” em seu primeiro mês de corrida. Não perca um único treino planejado. Se você fizer isso, progredirá, começará a sentir benefícios físicos, emocionais, começará a curtir mais os treinos, comer com mais qualidade e, provavelmente, vai precisar forçar-se menos para encontrar motivação para o treino do dia seguinte. E é até provável que você já comece a sentir falta dele!

Inscreva-se numa prova
Nada prende mais um corredor iniciante do que a experiência mágica de cruzar a linha de chegada. Então, se você quiser ficar viciado em correr, não perca tempo em inscrever-se para sua primeira prova. Isto pode parecer precoce para alguns. Inscrever-se para uma prova é mais ambicioso e potencialmente intimidante para os iniciantes do que perseguir um objetivo inicial mais modesto, mas é, na verdade, parte do motivo que funciona. A ambição de se preparar para uma competição como um novato pode te fazer encarar os treinos com mais seriedade. Quando você cruza a primeira linha de chegada, a fome de experimentar a mesma sensação de novo é incontrolável. A vontade de fazer melhor na próxima vez é natural. Além disso, inscrever-se para uma corrida de 5K não é coisa para profissionais ou para quem corre há muito tempo ou ainda para quem corre rápido. Você se surpreenderá com o número de pessoas que estarão ali, como você, com objetivos e receios muito parecidos com os seus.

3 comentários:

Paty Rebello disse...

Excelente texto, Rivs!
Assim como você, eu tive a sorte de ser devorada rapidinho por esse monstrinho! Mas ao ler o post pude enxergar várias pessoas que conheço, meu namorado inclusive, que na ânsia de levar a picada cometeram deslizes que os afastaram de vez. Espero um dia convencê-los de que sim, é possível, desde que com muita consciência e determinação.

Thiago disse...

Nossa, que legal!
Isso faz a gente pensar em como tudo começou :-)
Eu comecei a correr quando levei meu cachorro pra passear. Fui levá-lo no Ibira e passamos perto da pista de cooper. Lembrei de quando eu era adolescente e meu pai me levou lá pra ver como eu corria. Naquela época, eu não consegui completar meia volta! kkkk
Foi essa lembrança que me desafiou a tentar, já bem mais velho, a completar aquela volta - era uma questão de honra! Eu terminava andando, voltava quebrado, mas não desistia... semana após semana! E pensar que hoje tenho 3 medalhas de maratonas e várias de meias, 10k, 5k, São Silvestre, provas de montanha, etc.
Só fico triste pelo meu cachorro: deixei os passeios dele no parque totalmente de lado durante um tempão! Se pudesse voltar no tempo, o teria levado junto em alguns treinos...

Rivania disse...

Paty,
vc foi tão mordida pelo monstrinho que seguiu, persistiu e ha algumas semanas fez sua estreia nos 42k! E eu sigo te acompanhando e torcendo muito, muito mesmo por vc!
Beijos!

Thiago,
os parques perderam seu cãozinho, mas ganharam um corredor de primeira!
Parabéns pelos seus excelentes resultados e por ser um embaixador da corrida por aí.
Beijos!

Rivis