Quem sou eu

domingo, 30 de setembro de 2012

Um adendo


Este post é um adendo. Um adendo a dois outros posts que publiquei em 2011.
Do dicionário, Adendo...

adendo 
s. m.
1. O que se junta a uma obra para a completar. = ANEXO, APÊNDICE
2. Aquilo que se acrescenta a algo.



Nestes 2 posts eu contei a história e a trajetória esportiva de Marcelo Apovian (o Lelo), ex-esquiador profissional e um dos melhores maratonistas amadores do Brasil. Nos posts contei sobre seu grave acidente no esqui em 1999, sua impressionante batalha de recuperação e suas conquistas e números em provas de rua.

E isso me causou um enorme problema... registrar em posts, blogs, sites ou em um papel de pão os tempos alcançados por Lelo em suas provas, é de uma inocência juvenil. É fazer o registro e vem a necessidade de reescrever o registro. Isso porque ele não pára de melhorar.

Meus posts ficaram desatualizados, daí a necessidade deste adendo. Enquanto eu escrevo sobre suas provas, ele vai tirando minutos e segundos em consecutivas competições. Nos últimos 18 meses melhorou seus 10km. Seus 16km (eu vi!). Seus 21km (eu vi também). E hoje, 30 de Setembro, em Berlim, na 39ª edição da Maratona da capital alemã, melhorou de novo. Se em 2009 ele passeou por 42.195 metros na bela Berlim, azedou a bacalhoada do Portuga (http://confissoesdeumacorredora.blogspot.com.br/2011/06/pegaram-o-portuga.html), e cravou 2h 37’ 58”, hoje ele fez o de sempre: melhorou. E correu pra 2h 36’ 29”. Para quem prefere isso em outra língua, toma lá: Lelo correu 42 km fazendo média de 3’42”/km. Ou ainda, média acima de 16km/h. Para a absoluta maioria dos Corredores, um tiro de 1km a 16km/h já não é possível. Nem um tirinho de 1km. Esse menino que em menos de 3 meses completará 40 anos, fez 42 desses tiros.
Esse tempo o colocou na 113ª posição dentre mais de 40 mil Corredores - ele está entre o 0,3% dos melhores Corredores amadores e profissionais desta prova. Isto merecia um adendo.

Adendo foi fácil conceituar. Fui ao Aurélio e busquei. Conceituar ou definir Marcelo Apovian é mais difícil. Talvez tão difícil quanto correr 42 km em 2h36’. Não que ele seja misterioso ou introspectivo. Nada disso! Ele é a transparência em pessoa. É difícil, pois ele é uma multiplicidade de adjetivos. Vou me arriscar. Talvez 42 adjetivos seja um bom número pra hoje.

Confiável. Confiante. Íntegro. Inteiro. Inquieto. Inteligente. Forte. Firme. Decidido. Sensato. Generoso. Sensível. Otimista. Inconformado. Justo. Educado. Ambicioso. Obstinado. Honesto. Sincero. Gentil. Elegante. Simples. Cavalheiro. Focado. Ativo. Alegre. Maduro. Espirituoso. Astuto. Independente. Corajoso. Determinado. Natural. Equilibrado. Vigoroso. Criativo. Curioso. Tenaz. Seguro. Prudente. Coerente. 

Assim é Lelo. Para mim particularmente, ainda é exemplo. Inspiração. Influência da melhor espécie. Um amigo muito querido.

Lelo, quando é que você vai parar de me dar trabalho extra de atualizar seus números no meu blog? Pelo jeito não vai parar tão cedo! Você é assim. Você funciona assim. Tem problema não... eu continuarei publicando adendos para continuar completando a sua obra. 

Para terminar, vou transcrever uma entrevista que ele deu há alguns dias para a Revista The Finisher. No fim da mesma ele fala de seus planos de desacelerar depois da maratona que correu hoje. De correr apenas para se divertir, sem a pressão de melhorar a cada prova (mas aqui vale uma pausa, só para calibrar o que é diversão para ele: em 2011 ele correu a Maratona de NY a convite da Asics. Como não era prova-foco, disse que iria apenas para se divertir. Me lembro que lhe perguntei semanas antes da prova se lhe passava pela cabeça fazer algo diferente de um sub-3 horas, já que estava indo apenas para se divertir. A resposta objetiva e previsível foi “Não”).

Muita gente duvida dessa promessa de desacelerar. Eu sinceramente não. Se ele está dizendo isso, é porque assim será. Com ele é assim, decidiu está decidido.

Você, Lelo, fez e faz muito pelo esporte. Foi a Olimpíadas esquiando. Foi a várias Majors sofrendo ou passeando. Você colocou o seu corpo e o seu coração a serviço do esporte. E tem colhido o que plantou: o carinho, a torcida e a paixão dos amantes do esporte. Você é a prova de que, na vida, recebemos das pessoas o que oferecemos a elas.

Obrigada por nos encantar e inspirar sempre. Deliberadamente. Inadvertidamente.

E agora, a entrevista de Marcelo Apovian, dias antes do novo recorde pessoal cravado hoje em Berlim.


No próximo domingo largo para a Maratona de Berlim. Não sou bom de matemática, mas preciso dos números para buscar meu objetivo.
Vão alguns:
- Foram 20 meses de planejamento (desde 01/2011). Durante esse tempo, bati 3 x meu recorde pessoal nos 21km, bati 2 x meu recorde nos 10km, bati 1 x meu recorde nos 16km e fiz minha segunda melhor maratona, 2:41 em NY 2011;
- Durante o ciclo especifico de treino, fiz 10 semanas com mais de 95km rodados e 3 semanas com mais de 80km;
- Sem dúvida, foi a prova que mais treinei e a que mais tive problema para seguir treinando. Tive inúmeras dores nas pernas e nas juntas. Nos últimos dias peguei uma gripe que me deixou de cama;
- Emagreci 8 kg do meu peso máximo e 6 kg do meu peso padrão;
- Venho falando para muitos que essa vai ser minha ultima maratona "pancadaria", "sangue nos oio". Ninguém acredita, mas vai ser !
- To com 40 anos, chega de judiar do meu corpo! Sem duvida é uma agressão e ele reclamou neste período. As próximas vão ser para passear :-)

21 km Golden4 Asics SP 2012
Maratona NY 2011

16km Circuito Athenas SP 2012


sábado, 29 de setembro de 2012

Treino remoto, ganhos reais


Compromissos no trabalho, praticidade de um local de treino mais próximo de casa, mudança para outra cidade ou até mesmo preferência pessoal. Os motivos que levam corredores a optarem por um treinador ou assessoria esportiva à distância são muitos. Com tecnologia e força de vontade, esse método pode trazer ganhos de performance semelhantes aos que contam com encontros presenciais com os técnicos.

Para tanto, o corredor não presencial deve informar com antecedência em quais condições irá realizar o treino proposto. “Preciso saber em qual horário ele vai correr, altimetria, clima, se é na esteira, pista, areia, asfalto. Tudo isso é importante na hora de montar a planilha”, explica Heleno Fortes, diretor-técnico da HF Treinamento Esportivo.

Após as passadas, é hora de informar os detalhes do trabalho. “O diário de treino é imprescindível ao corredor remoto. Detalhar os resultados dos treinos de tiros, distância, tempo e sensações durante a corrida é importante para continuarmos evoluindo em direção a um objetivo final”, completa o treinador da HF.

Confira a seguir algumas dicas para quem faz o acompanhamento à distância:

1- Informe em seu diário de treino dados como volume, intensidade e altimetria, as mais importantes para o treinador. Nos treinos de tiros, anote quais foram as parciais em cada estímulo, e, nos longões, as variações de pace a cada quilômetro. Aqui, o frequencímetro com GPS pode ajudar.

2 - O clima também é uma informação importante para o treinador. “Tinha um aluno em Miami que afirmava que o calor era intenso, mas só fui entender isso plenamente quando fui pessoalmente ao local”, conta o treinador Heleno Fortes. Se o treino for transferido para o ambiente indoor por conta do frio, avise o treinador.

3 - Se for preciso alterar local, horário e dia dos treinos, avise o técnico, de preferência por telefone. “O corredor me conta que precisou passar o treino da manhã para à noite, ou que não conseguiu se alimentar direito durante o dia e não se sente pronto para um trabalho intenso, por exemplo. Assim, mudo o estímulo para algo mais regenerativo, o que altera todo o resto da semana”, complementa Fortes.

4 - Evite se tornar dependente do GPS. Dessa forma, é possível trabalhar também a percepção subjetiva de esforço. Esse controle é importante durante a prova quando alguma variável foge do controle, facilitando a criação de uma nova estratégia.

5 - Conte com detalhes ao técnico o andamento dos seus trabalhos de musculação e alongamentos. Diga quais exercícios realiza, em quantas séries e vezes por semana. Assim, o treinador também controla a evolução da força e flexibilidade.

6 - A correção do gesto esportivo é a atividade mais prejudicada em um treino a distância. Para minimizar o problema, faça vídeos da sua corrida, com visões frontal, lateral e traseira da passada

Fonte: www.thefinisher.com.br

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Jejum


Um dos consensos do treinamento esportivo é o de que não se deve correr de estômago vazio. No entanto, diversos atletas – profissionais e amadores – saem para seus treinos matinais sem ingerir quase nada. Um suco de laranja, maltodextrina, um copo d’água ou absolutamente nada: essas são algumas das opções de quem opta por correr em jejum.

O raciocínio é simples: com a barriga leve, a chance de ser mais veloz e não sofrer com dores nos órgãos do sistema digestivo é maior. No entanto, o provérbio “saco vazio não para em pé” vale para este caso também.

Segundo o doutor Turíbio Leite de Barros, fisiologista do Esporte Clube Pinheiros e professor de pós-graduação na Unifesp, existem aspectos em ambos os lados a serem considerados. “Há a necessidade de estar com o estoque de carboidrato pleno quando for fazer qualquer atividade física”, explica.



O lado positivo do jejum
“É desaconselhável correr com conteúdo no estômago, porque dá desconforto, prejudica o rendimento e predispõe àquela dor aguda no flanco”, ilustra o médico. “Não é proibido correr em jejum, mas é recomendado apenas para corredores avançados que já estão acostumados”, determina.

O lado negativo
Como quem corre sem se alimentar usualmente o faz de manhã, a última refeição em geral foi muitas horas antes e nesta situação "a disponibilidade de carboidratos no organismo está quase no limite”, conta o fisiologista. “A razão pela qual se contraindica correr em jejum é para evitar uma hipoglicemia (nível baixo de glicose no sangue)”.

Quando o nível de glicose é comprometido, quem sofre são as células nervosas. “É aí que vem o mal estar, a tontura, queda de pressão e até perda de consciência. É a falência de células que são vulneráveis à queda da glicemia”, esclarece o doutor.

A solução
O fisiologista apresenta as melhores opções para quem quer correr leve sem prejudicar o próprio organismo. “Quem não quer comer nada pode ingerir um carboidrato em gel com um pouco de água ou tomar 30 gramas de maltodextrina de 30 a 40 minutos antes de correr”, aconselha. “A maltodextrina é formada por moléculas de glicose e é um dos carboidratos de mais fácil absorção do estômago (ou seja, não pesa) quando ingerido com água”, define.

Fonte: www.webrun.com.br

domingo, 16 de setembro de 2012

Para secar o corpo


Eliminar gordura e ganhar massa muscular magra é um dos maiores desejos de quem pratica atividade física: corpo forte, definido e com músculos aparentes. Isso exige disciplina, treinos intensos, descanso e alimentação regrada. Todos esses fatores necessitam de uma orientação profissional, afinal, pessoas que tentam fazer treinos e dietas por si só, raramente alcançam bons resultados, entrando em métodos malucos, incorretos ou da moda. E aí o resultado demora para vir ou pior: vem ao contrário!
A seguir algumas dicas eficazes de como ter bons e rápidos resultados na hora de emagrecer, porém não perder a massa muscular conquistada e, até melhor: aumentá-la.

Vá com calma nos aeróbios
Um dos fatores que pode causar uma perda de massa magra, quando não bem planejado, é o excesso de exercícios aeróbios. Normalmente, quem quer secar, acaba extrapolando nos treinos na esteira, bike ou piscina. Você pode manter sua rotina de treino aeróbio de acordo com a prescrição do educador físico, porém, limite-se àquilo, pois gasto calórico excessivo, facilita a perda de músculos.
Capriche nos treinos de musculação (ou com pesos)
Os treinos de contra-resistência (com cargas) são os mais eficientes para quem deseja aumentar os músculos, então, seja frequente neles. Não tenha preguiça, faça 3x/semana, no mínimo, e sempre aumente suas cargas. Se você mantém a mesma carga por meses, seus músculos ficarão iguais por meses, então, se quer mais músculos, coloque mais carga (sempre aumentando aos poucos para não lesionar).
Coma logo após os treinos
O hábito de treinar e não comer nada em até 1 hora é um perigo para quem deseja melhores resultados. Após o treino o organismo está debilitado e necessita de uma reposição rápida de vários nutrientes, então, se você o deixa sem alimentos, ele poderá buscar reservas na proteína dos seus músculos. Então, logo após treinar, realize uma suplementação adequada ou uma refeição completa.
Aumente o consumo de proteínas magras
As proteínas são nutrientes essenciais para o ganho e manutenção da massa magra, então, capriche no consumo delas, desde que sejam na versão magra. Exemplos: peito de frango, peito de peru, atum, queijo branco, leite ou iogurte desnatado, whey protein, caseína, peixes, ovos, etc.
Consuma carboidratos de baixo índice glicêmico
Por demorarem mais para virar glicose sanguínea, carboidratos de baixo índice glicêmico são excelentes para repor sua energia, glicogênio e não causar picos de insulina no sangue (evitando assim acúmulo de gordura). Então consuma mais cereais integrais e frutas com casca.
Não fique muito tempo sem comer
Passar mais que 3 horas sem comer, pode aumentar o acúmulo de gorduras no corpo e também deixar seu metabolismo mais lento, então, corte esse hábito fazendo de 5-6 refeições ao longo do dia. Nunca saia sem tomar um bom café da manhã e nunca durma sem ter feito uma refeição leve e rica em proteínas e gorduras boas.
Utilize suplementos anticatabólicos
Por último, lance mão de suplementos que ajudam na hora de “segurar” seus músculos. São eles: BCAA, leucina, glutamina, HMB, hipercalóricos e whey protein. Utilize-os somente após orientação de um nutricionista esportivo.
Por Giovana Guido – Nutricionista Esportiva -www.nutricionistagiovanaguido.wordpress.com 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Um texto e um vídeo que estorvam

Hoje o assunto não é corrida. Mas segue sendo esporte. O texto que transcreverei aqui fala por si só. Um jornalista bom de escrita e uma história auto-suficiente.

A personagem principal é Alessandro Zanardi, ex-piloto profissional de F1 e Fórmula Indy, gravemente acidentado em 2001 e hoje atleta paraolímpico.

Me lembro vagamente do acidente de Zanardi em 2001. Mas me desconectei por completo da progressão de sua recuperação e de sua volta ao esporte. Volta por cima. Exemplo disso é que em Londres 2012, Zanardi levou 3 medalhas de volta para a sua Itália.

Se no esporte em geral, Superação é a ordem do dia, para o atleta deficiente físico a superação é exponencial. Não se mede superação, claro... é dessas coisas intangíveis na vida. Mas não há como negar que os atletas deficientes têm alguns desafios a mais no caminho da performance. 

Além da história de Zanardi, inseri também neste post um vídeo "estorvo" (leiam o texto abaixo e entenderão o porque do estorvo...) que mostra alguns dos desafios adicionais que um deficiente precisa superar para seguir no esporte. É de engasgar e provocar reflexão. 

Como se diz popularmente, "cada um com seus problemas" e todos nós temos os nossos. Mas antes de reclamarmos do inverno, do verão, do time de futebol, do emprego e do desemprego, vale refletir se os nossos problemas são mesmo do tamanho que queremos que tenham, afinal, em geral, temos vocação para sermos vítimas do mundo.

Com vocês, o texto sobre o sortudo do Alessandro Zanardi e um vídeo de 5 mins de um surfista teimoso...
Christian Carvalho Cruz - O Estado de S.Paulo - 02 de Setembro de 2012
A alegria de Alessandro Zanardi é um estorvo. Certamente não pra ele, amigos e parentes. É um estorvo pra você, pra mim, Deus, o diabo, qualquer um que esteja achando a vida uma merda porque lhe roubaram o rolex, porque não chove mais nesta cidade dos infernos, porque não vai dar pra bater a meta e encher o bolso de bônus, porque acabou o pó de café, porque o banheiro da firma fede como esgoto... A felicidade desse italiano duma figa, o jeito oblíquo e sincero de ele rir de tudo e pra todo mundo, é um grandíssimo estorvo. 
Bom, vocês conhecem o Zanardi. É aquele piloto de carros de corrida que perdeu as duas pernas num dos mais devastadores acidentes da história do automobilismo. Da esquerda lhe sobrou meia coxa. Da direita, a coxa inteira - sem o joelho. Na sexta-feira 31 Agosto, falando de Londres, onde vai disputar provas de ciclismo na Paraolimpíada, ele se definiu assim: "Eu sou muito sortudo". E riu um monte. Repetiu isso diversas vezes, de variadas formas. "Não é exagero dizer que sou um cara sortudo." "Sou um homem de muita sorte." "Sou uma pessoa de sorte." Tá, tá bom, Zanardi. Eu entendi. Mas ele insistiu: "Sabe como eu cheguei aqui? Em 2001, numa prova de Fórmula Indy na Alemanha, meu carro partiu em dois. Numa parte ficou um pedaço de mim. Na outra estavam as minhas pernas, que, arrivederci, foram embora. E aí ganhei passagens para disputar estes Jogos Paraolímpicos em Londres. Mas antes daquele dia, se você me dissesse 'Alex, por que você não disputa uma Olimpíada?' eu te perguntaria 'Ei, o que você andou fumando?' Por isso eu digo: a vida me deu a chance de fazer tantas coisas surpreendentes nos últimos 11 anos que eu sou mesmo um cara de muita sorte".
E quer coisa mais surpreendente do que estrear numa Paraolimpíada justamente no autódromo onde conseguiu a primeira pole position e marcou os primeiros pontos na carreira de piloto? Foi em 1991 pela Fórmula 3000, nesse mesmo circuito de Brands Hatch que agora recebe os ciclistas paraolímpicos. Naquele ano, Zanardi ascendeu à Fórmula 1 para guiar uma Jordan. Passou também por Minardi, Lotus, Williams e dividiu o circo com Senna, Prost e companhia. Em cinco temporadas, disputou 41 corridas. Não venceu nenhumazinha, marcou um mísero ponto. Na Indy, ao contrário, ganhou dois campeonatos e uma porção de fãs. Então veio o 15 de setembro de 2001 no autódromo oval EuroSpeedway em Lausitz, Alemanha. Era um sábado meio cinzento e chegaram a cogitar o cancelamento da etapa por causa dos ataques às Torres Gêmeas em Nova York quatro dias antes. "Mas decidimos correr, que era a melhor maneira de reagir ao que tinha acontecido, seguir em frente, provar que a humanidade era mais forte que aquilo", Zanardi disse anos depois. Pra ele não estava sendo uma boa temporada. Na largada, era o 27º de 27 carros. Na metade da prova, porém, já tinha saltado para terceiro. "Pela primeira vez no ano eu senti o carro respondendo plenamente aos meus comandos." Faltando 13 voltas pro final, ele estava com tudo: era o primeiro e com folga. Tanta folga que entrou no derradeiro pit stop de reabastecimento podendo tranquilamente retornar à pista ainda na dianteira. "Vai, vai, vai!", gritou o seu mecânico-chefe ao liberar o carro em apenas 5,5 segundos. Tudo nos conformes. "Mas alguma coisa aconteceu, eu perdi o controle do carro e fui para a grama. Me vi girando desesperadamente o volante para retomar a direção, caí na pista novamente e buuum, um enorme barulho." O carro azul do canadense Alex Tagliani se chocara como um foguete a 320 km/h contra o bico do carro vermelho de Zanardi.
Só para ilustrar, estar dentro de um carro que bate de frente a 320 km/h contra um muro significa que você tem 100% de risco de nunca saber o que aconteceu com seu corpo. No impacto, os órgãos continuarão a se mover em altíssima velocidade. E, no choque, seu pescoço se partirá. O cérebro se esmagará contra a parede frontal da caixa craniana. Os rins e o fígado explodirão instantaneamente. Tagliani não quebrou nenhuma costela porque seu carro se chocou contra uma área frágil do bólido de Zanardi, aquela onde se acomodam as pernas. A ausência de resistência minimizou a pancada e salvou a vida do canadense. Quanto a Zanardi, o pessoal do resgate demorou 19 segundos para chegar. Entre eles estava o ortopedista Terry Trammell, que narrou assim o que viu: "A primeira coisa que eu pensei em fazer foi aspirar aquele óleo todo de dentro do cockpit. Só que não era óleo. Era sangue". Trammell usou um cinto como torniquete e pelo rádio chamou o diretor médico da prova, Stephen Olvey. Seguiu-se um diálogo sem pontos de exclamação que só os médicos são capazes de travar numa hora dessas:
- Stephen, a situação aqui é muito ruim.
- Ruim quanto?
- As pernas dele se foram.
- Ok, você consegue pegá-las para nós tentarmos um implante?
- Você não entendeu. Elas se foram. Não existem mais.
Do momento do impacto à entrada no centro cirúrgico de um hospital em Berlim, a 190 quilômetros de distância, 59 minutos se passaram - 34 na viagem de helicóptero. Nesse tempo, Zanardi sofreu sete paradas cardíacas. Ao chegar, tinha perdido três quartos de seu sangue. "Meu coração devia estar bombeando ar, provavelmente", ele acha graça. E se você falar de milagre ou coisas assim, Zanardi tem a resposta pronta: "Ma che miracolo?! Foram aqueles caras que fizeram um trabalho espetacular pra salvar minha vida!"
Oito dias em coma, 20 cirurgias. Quando voltou a si, ele olhou pra baixo e voltou-se para a mulher, Daniela, que estava na beirada da cama: "Bom, agora preciso saber como eu vou fazer as minhas coisas sem as pernas". Não havia desespero no quarto. Por parte de nenhum dos dois. De Londres, Zanardi relembrou o que sentiu naquela hora: "Eu realmente não tive dúvida de que continuaria a fazer as coisas. Só queria saber como. Ao me ver sem as pernas entendi imediatamente que minha vida tinha mudado de direção. E também que nessa nova direção eu poderia fazer umas coisas bem interessantes. Sou um homem curioso, e a curiosidade move grandes paixões". Seis semanas de internação depois, ele deixou o hospital sentado em uma cadeira de rodas. Trazia um abacaxi sobre os pedaços de pernas que lhe restaram. Acenou para os fotógrafos e riu como se estivesse num pódio. Abacaxi era o seu apelido na Indy, dado pelos mecânicos que o achavam um ranheta que pedia demais, se importava com tudo, queria saber de tudo. Zanardi sempre foi um abacaxi nos boxes.
Três meses depois ele já se levantava sobre suas novas próteses para receber o prêmio Capacete de Ouro ofertado pela revista Autosprint. Aplaudido de pé por minutos a fio, pegou o microfone e a primeira coisa que lhe saiu da boca, além do infalível sorriso, foi: "Estou tão emocionado que minhas pernas tremem inteiras". 
Dois anos mais tarde voltou ao EuroSpeedway a bordo de um carro igualzinho ao do dia fatídico, mas adaptado para ser acelerado e freado com as mãos, a fim de completar as 13 voltas que ficaram faltando em 2001. Circulou forte a 314 km/h e, se não fosse só uma corrida simbólica, seu tempo o colocaria em quinto lugar no grid de 2003. O mundo quis saber por que cazzo se arriscava de novo. "Ora, não é porque não tenho as pernas que sou mais vulnerável que o Schumacher." Mais dois anos e lá estava o italiano competindo de novo. Sentado dentro de uma BMW fuçada, venceu quatro corridas no Campeonato Mundial de Turismo e 11 no Italiano. Acelerava manualmente por meio de uma barra instalada atrás do volante e freava com o pé da prótese direita. A expressão "pisar fundo" tinha, definitivamente, ganhado outro sentido pra ele. Um sentido do qual nunca gostara. Zanardi começou no automobilismo aos 14 anos ao ganhar um cart do pai. O velho Zanardi, que não teve tempo de ver "a sorte" do filho, achou que seria mais seguro o menino voar baixo num circuito com um veículo apropriado do que nas ruas de Bolonha com uma lambreta.
E na quarta-feira lá estará o Abacaxi, aos 45 anos, voando bem baixinho mais uma vez. Zanardi agora corre de handbike, um triciclo rente ao chão que se pedala com as mãos. Sentou num desses pela primeira vez em 2007, por sugestão de um amigo, para se exercitar. Gostou. E com poucas semanas de treino se jogou na Maratona de Nova York. Terminou em quarto. Em Londres Zanardi disputará três provas:
1. Contra o cronômetro. De minuto em minuto um atleta parte para completar duas voltas no circuito. Quem fizer o menor tempo, vence. "É a mais dura, porque, embora não muito longa (15,8 quilômetros), são 25 minutos de inferno, de esforço máximo."
2. Estrada. Todos partem juntos para dar oito voltas (64,5 quilômetros). Vence quem cruzar a linha de chegada primeiro.
3. Revezamento. Cada país forma uma equipe de três atletas de categorias diferentes. O time italiano correrá com Zanardi, que é paraciclista H4 (acomoda-se sentado no cockpit e usa a força do tronco, além da dos braços, para movimentar o triciclo), e dois H2 (lesão na coluna; correm deitados, utilizando somente os braços).
Zanardi diz que se preparou bem e não seria nada demais pra ele se, tal qual um Usain Bolt, faturasse três medalhas de ouro. "Sou muito forte, principalmente na prova contra o cronômetro, da qual sou campeão mundial de 2011. No último ano eu calculo ter rodado 18 mil quilômetros em competições e treinos." Num trecho desses, mês passado, foi surpreendido por um buraco na estrada quando estava a mais de 60 km/h. A roda da frente travou e ele foi parar dentro do canal que margeava a pista. Do triciclo, quase nada inteiro sobrou. Três dias depois, só o tempo de conseguir um veículo novo, já estava treinando duro outra vez. Nesses dias londrinos, enquanto não chega a hora de competir, Zanardi acha que está emocionado e curioso. Emocionado por concluir mais uma etapa que o destino lhe botou na frente. E curioso para saber o que virá depois. Andaram dizendo que ele pode participar das 500 Milhas de Indianapolis, a prova mais tradicional da Indy, e que também já está de olho nas Paraolimpíadas de Inverno de 2014, na qual deslizaria montanha abaixo trepado num monoesqui. "Tudo coisas que me colocaram na boca. Eu não disse nada disso, embora esteja aberto a qualquer possibilidade, inclusive ir para a minha casa na praia e passar os dias pescando com meu filho Niccolò, de 14 anos. O que tenho certeza é que, encerrados os Jogos de Londres, eu vou me afogar em cerveja, que não bebo há dois anos, desde que comecei a me preparar para estar aqui." Va bene, Zanardi. Arrivederci.
Nada. Ele quer deixar claro o tamanho da sua sorte e da sua felicidade: "Se Deus aparecesse agora na minha frente e me dissesse 'Alex, eu posso mudar o dia do acidente. Posso fazer com que o Tagliani desvie e não atinja seu carro. Você teria as suas pernas, mas não saberia como seriam esses últimos 11 anos da sua vida. Aceita a troca?', eu teria apenas três palavras pra ele: "No. Grazie, Dio".

E agora, o vídeo do surfista teimoso.
Original Vídeo from Sean Mullens in http://vimeo.com/9358866One man's struggle to transcend.
This humble film is about a friend of mine named Michael and his daily ritual to find his natural self through surfing.
Directed by Sean MullensCinematography by Sean MullensMusic by The Album Leaf - Into the Blue Again - Broken ArrowSub Pop Records 2006
http://www.youtube.com/watch?v=8c6uM950uFY


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Aminoácido Suplementado, BCAA


O BCAA invadiu as prateleiras e pode ser facilmente adquirido – é vendido até em farmácias. Todo esse sucesso vem da crença nas suas numerosas funções: resistência muscular, melhora do equilíbrio do organismo para síntese protéica, reparação de fibras musculares e aumento da massa muscular. Mas como ele funciona?

Antes de dar essa resposta precisamos entender primeiro o que são aminoácidos e proteínas.



Aminoácidos são pequenas unidades que formam uma estrutura maior chamada proteína, que por sua vez é a unidade básica do tecido muscular. Em nosso corpo ocorre a produção de alguns aminoácidos, entretanto outros devem ser adquiridos através da alimentação, pois não são fabricados pelo nosso corpo. Estes são chamados de aminoácidos essenciais.

São exemplos de aminoácidos essenciais: leucina, isoleucina e valina que são aminoácidos de cadeia ramificada encontrados, principalmente, em fontes protéicas de origem animal. São conhecidos popularmente como os BCAAs, sigla derivada da sua designação em inglês: Branched Chain Amino Acids.

Após a ingestão, os BCAAs são absorvidos no intestino e transportados até o fígado. No fígado, os BCAAs podem ser utilizados como substrato para síntese protéica e assim entram na construção dos músculos. Além disso, os BCAAs estimulam a produção de glutamina e alanina, entre outras substâncias. O aminoácido glutamina apresenta efeito benéfico sobre a função do sistema imunológico e é o principal combustível das células epiteliais do intestino.

Durante a atividade física o corpo entra em um estado de catabolismo, quando ocorre a quebra de um substrato para o fornecimento de energia para as células e esse substrato pode ser a proteína muscular. Para que ocorra a construção de proteínas, e não a degradação, o ideal é que a alimentação seja rica em carboidratos (para oferecer energia para as células) e em aminoácidos diversos, inclusive os BCAAs, que irão entrar principalmente na construção do tecido muscular. Este estado de construção a partir de substratos é chamado de anabolismo.

Desta maneira uma alimentação adequada em alimentos de origem vegetal e animal é  fundamental para atingir um bom desempenho esportivo. Se sua alimentação é deficiente em um determinado nutriente que é utilizado fundamentalmente em produção de energia durante o exercício, sua performance será prejudicada. Se a dieta for equilibrada composta por alimentos variados e coloridos em quantidades adequadas o atleta não estará sujeito a deficiência nutricional.

A hidratação deve ser reforçada para os praticantes de atividade física. A água é importante no metabolismo de nutrientes e na excreção dos metabólitos produzidos.
  
Não existe nenhuma contra-indicação para o uso de BCAAs. Pode ser consumido tanto por iniciantes quanto por atletas de alta performance. O que difere é a quantidade recomendada. Para pessoas mais pesadas, a dosagem será maior. E quem treina muito forte, pode usá-lo durante o exercício também.

O BCAA pode ser usado também com Whey Protein, pois um potencializa o outro. Unir esses dois suplementos ajuda a recuperação e ganho de massa muscular.

Mas antes de decidir pela suplementação com BCAA, procure um Nutricionista. Este profissional é capaz de orientar planos alimentares e suplementos adequados aos objetivos como o ganho de massa magra, redução de tecido adiposo, aumento de resistência muscular  e também é habilitado para calcular as necessidades metabólicas individuais em cada fase do treinamento.

Fontes: Sites www.anutricionista.com e www.wrun.terra.com.br

domingo, 2 de setembro de 2012

Firme e Forte

Um treino para aprender a manter a intensidade ao longo de toda a corrida

Para sustentar a intensidade durante uma sessão longa e forte de corrida, recomenda-se um treino com tiros rápidos e recuperação ativa (trote, com baixa frequência cardíaca). Isso porque qualquer atividade física intensa produz ácido lático. Contudo, quando você para ou caminha entre tiros, seus músculos ganham bastante tempo para absorver a substância antes de você começar o próximo tiro.

Nesse treino, entretanto, você corre cada trecho em velocidade máxima, mas continua em movimento durante os intervalos. Isso ensina seu corpo a produzir e absorver níveis mais altos de ácido lático, de modo que você consegue correr em intensidade alta por mais tempo. Isso também aumenta o tamanho das mitocôndrias (estruturas responsáveis por produzir energia dentro das células) e, consequentemente, seu corpo produz mais energia.

Esses benefícios vão torná-lo mais forte, independentemente da distância para a qual está treinando.

O exemplo abaixo mostra um treino que pode ser encaixado na sua rotina de treinamento uma vez a cada 2 ou 3 semanas.


TREINO RITMO DOS TIROS RITMO DE RECUPERAÇÃO
14 a 16x200 metros 5 a 7 segundos mais lento que seu ritmo máximo trote 200 metros em uma velocidade 3 vezes menor
10x300 metros 7 a 10 segundos mais lento que seu ritmo máximo trote 400 metros em uma velocidade 3 vezes menor
8x400 metros 10 a 15 segundos mais lento que seu ritmo máximo trote 400 metros em uma velocidade 3 vezes menor


Fonte: Revista Runners, Pelotão de Frente, Junho 2012