Aproveitando a data... Feliz Aniversário, Rodrigo!!
Rodrigo Fonseca
Vamos engolir o orgulho e falar dos fatos. Tudo ia bem até
o km 25. Não sei se foi a chegada, as pessoas parando ou muita gente que começou a
andar nessa hora. Com o "tanque" cheio, também fui obrigado a fazer um
pit stop, e depois disso sumiu do meu corpo o Corredor que eu pensava que
era. Minha esposa me esperava no km 33, o que me deu motivação para, mesmo
contra minha cabeça, não pensar em desistir.
O Gerrit, que havia (acreditem ou
não) começado mais de leve, me alcançou e fez um lanchinho comigo (até o apresentei à minha família que, incrédula, via eu me arrastando para fora da USP). Seguimos
trotando e soltei o freio de mão do Gerrit pedindo a ele para seguir adiante -
andei mais um pouco. Nessa hora, passa uma japonesa gritando "a dor passa,
o orgulho fica!". Me apeguei ao orgulho (já estava no 35) e fui
trotando. No túnel Jânio Quadros (km37), o orgulho me abandonou, e continuei
somente pela "honra".
Já no túnel do TJ (km39), deixei a honra ir
embora e só fiquei com a "teimosia"... quando a teimosia ameaçava me
abandonar, tive a melhor surpresa do dia: no km 41 minha esposa Flávia me
esperava já aquecida, prá me puxar no último km. Foi uma chegada
inesquecível e o abraço no amigo Gerrit após a linha de chegada (4h45') fez
toda a experiência ter valido a pena, embora ambos concordemos que ainda não
somos dignos da alcunha de "maratonista".
Não sei o que dói mais, se
as pernas ou o orgulho ferido... Dias antes da prova, eu falava que era tudo uma questão de "cabeça,
hidratação, glicogênio e muita raça!". Faltou combinar com as pernas. Além disso, a falta da musculação e os longões "matados" cobraram um preço caro,
mas deram uma boa estória prá contar... é isso!
Gerrit Dutchman
Gente, hoje foi demais! Esquece o tempo final,
isto não importa. Tenho 45 anos e chorei quando finalmente cruzei a linha da
chegada. A emoção de terminar a primeira maratona na vida é algo incrível. Bem,
Rodrigo já contou, assim como o Marcel.
Lá fomos nos às 9 hrs de manhã.
Devagar, devagar para não quebrar. 21.1km em umas 2 horas, se não me
engano. Ritmo da primeira metada 5'40" por aí. Tudo, tudo, realmente tudo
perfeito. Que felicidade, que festa! Tava quente? Sim, mas tinha bastante água (às vezes quente ) e levei sal, gel e no km25 fizemos o primeiro pit stop
para tomar Gatorade.
Depois do km 25
acabou ... o ritmo caiu para 6'30", sei lá, tava bem devagar, tudo doía, a
barriga, as costas, pernas, pé. Encontrei o Rodrigo e bati um papo lá no km 33
com a familia e a esposa dele. Depois de uns 2 minutinhos fomos
embora. Trotando, do jeito que deveria ser. O meu quadril doendo, a panturilha
doendo, o joelho direito e o calcanhar chorando de dor. Quando
chegamos na descida de um túnel pequeno pedi pra Rodrigo para andar um pouco,
para aliviar o impacto no joelho. No ponto mais baixo começamos a correr de novo,
mas foi aí que o Rodrigo pediu para eu seguir em frente. Fiquei preocupado, mas
tinha muitas 'socorristas' no caminho. Lá no km 41 vi a esposa dele novamente,
contei que o Rodrigo já estava chegando e segui em frente. Quando eu vi o
pórtico de chegada nem acelerei. Fui corrende feito um velhinho de 80 anos,
hehehehe, acho que com pace de 8min/km. Cruzei a chegada, bem longe da meta de sub
4h. Deu 4:39 mas isto foi o que menos importou. Chorei feito uma criança, de
tanta emoção. Fui tomar água gelada, me recuperei um pouco e voltei para a
linha de chegada para esperar o Rodrigo. Que alegria quando vi o boné cinza!
Estava correndo junto com a Flavia.
Gente, principalmente para maratonista de
primeira viagem, posso dizer que correr é uma coisa, correr maratona é outra
coisa. A gente corre 5k, a gente corre 10k, as vezes fazemos um longão de 15k e
um dia arriscamos correr uma meia maratona. Confiante, enfrentamos a primeira
maratona. Sabemos que vai ser duro, afinal é correr uma meia
maratona e, sem parar, mais uma outra meia... Mas o que a gente enfrenta depois de 2,5 horas correndo não tem
nada a ver com corrida. Depois de 2,5 horas começa uma luta que só com o coração
podemos vencer. A velocidade é baixa, o coração deve bater tranquilamente, afinal não estamos nem correndo, estamos trotando. Tudo dói.
Mas valeu, e como valeu! Esta vai ficar para sempre. Posso talvez, no futuro, quem
sabe um dia, fazer um tempo melhor. Mas esta primeira, esta emoção vai ficar
para sempre.
Marcel Pracidelle
Cheguei, estou vivo e quase inteiro. Que emoção é correr
uma maratona, o esforço de meses e um estilo de vida traduzidos em 42km. Posso
afirmar com certeza que é uma prova extremamente mental, um jogo contra o nosso
próprio corpo e mente. Fui ousado, talvez não devesse, era minha primeira
maratona, mas achei que estava bem treinado e arrisquei, passei os primeiros
10km em 52'30" sobrando, sem sentir nada. Ritmo forte já que os 2 primeiros km
foram caixote total. Passei o Gerrit e o Rodrigo na marginal, os
cumprimentei e fomos em frente. O Raphael endorfina eu passei lá pelo 7 ou
8... Cruzei os 20km bem em 1'43", quer dizer, mais 10km em 51min. Sem sentir
pernas nem nada. A passagem dos 30km fiz em 2'35" bem, mas minha musculatura
começou a falar que estava lá. Passei os 34km em 2'57" e não posso dizer que
quebrei, eu me esfacelei. Comecei a sentir caimbras em músculos que eu nem sabia
que existiam, era um tal de pára, alonga, anda, trota. Pára, alonga, anda e
trota. Fui firme mas o ritmo despencou totalmente, não sei se foi o calor, a
falta de musculação, o ritmo puxado no início... Só voltei a correr
consistentemente no 40km onde prometi para mim mesmo que não andaria mais. E assim foi. Nos últimos 500m da prova eu corri chorando e fechei em 4'05". Fiz os
últimos 8km em 1:08h e não me frustrei nem um pouco. Foi na raça, na raça mesmo.
Agora e descansar bastante e encarar Buenos Aires em outubro, se possível sem
caminhadas. Posso
dizer: "sou um maratonista". Abraços a todos.