Com gastos médios de R$ 1.054 por prova fora de casa, praticantes movimentam receita de R$ 3 bilhões
A prática de exercícios físicos faz bem para a saúde e para a economia. Nova mania no país do futebol, a corrida de rua gera sozinha uma receita de R$ 3 bilhões, cifra que cresce entre 20% e 30% ao ano. Seus adeptos, estimados em 4 milhões, aceleram o passo na pista e nos gastos. De acordo com pesquisa da Corpore, maior clube de corredores da América Latina, na média, cada atleta gasta R$ 518 por prova. Se a prova for em outra cidade, a despesa sobe para R$ 1.054, repartidos em treinamento, itens esportivos, hospedagem e lazer.
Com fôlego de sobra, esse exército ainda imprime velocidade ao turismo, seja ele esportivo ou de eventos ligados ao esporte. E aí não são só os corredores que levam os negócios para além da linha de chegada. De olho no público que adora triathlon, passou a conhecer golfe e não resiste a uma aventura no rio ou na montanha, agências de turismo passaram a oferecer pacotes especiais, onde o prêmio é exercitar-se enquanto se exploram os destinos.
“O grande foco das maratonas é o turismo esportivo. O corredor viaja até o local da prova, passa alguns dias por lá e acaba gerando benefícios para o município. E a mesma lógica vale para outros esportes”, diz o presidente da Corpore Brasil, David Cytrynowicg. Segundo ele, o corredor do século XXI tem uma renda familiar média acima de R$ 5 mil, o que permite a participação em maratonas pelo Brasil e no exterior. “A corrida ganhou status. No final dos anos 80, correr era sinônimo de 2ª classe. Hoje, tornou-se um esquema nobre. Saiu da passarela e foi para a galeria”, compara.
Segundo ele, uma única corrida de rua movimenta entre R$ 1,44 milhão e R$ 6 milhões, dependendo da quantidade de atletas de outros estados. “Mas ainda há muito espaço para crescer. Para se ter uma idéia, nos Estados Unidos, onde há 40 milhões de corredores, só a última edição da maratona de Nova York movimentou mais de R$ 350 milhões”, detalha.
Há pouco mais de dois anos, a TAM Viagens, que já trabalhava com eventos ligados ao automobilismo e ao futebol, apostou nas corridas e consolidou-se como operadora de maratonas. De lá pra cá, registra crescimento anual de 20% tanto na oferta de pacotes quanto no número de clientes. E, a cada temporada, a empresa vê o nicho aumentar a participação em suas vendas totais.
O atleta que deseja competir em Chicago, por exemplo, encontra pacotes por R$ 5.700 à vista, ou R$ 1.140 divididos em cinco parcelas. Em moeda norte-americana, o passeio, que dá direito a trecho aéreo ida e volta (partindo de São Paulo), hospedagem durante quatro noites, inscrição e kit, sai a US$ 3.098. Competir em Roma fica mais barato: R$ 3.812,48, ou cinco pagamentos de R$ 762,96. A procura vem crescendo mais de 30%, principalmente para o exterior.
Se a perna não é tão grande para tamanho passo, uma alternativa é botar os pés para correr em solo nacional. Existem dezenas de corridas semanalmente nas principais capitais e cidades do país permitindo ao Corredor que se programe com antecedência para que, além de investir na própria saúde, invista também no turismo interno.
Fonte: Jornal Hoje em Dia - janeiro 2011
2 comentários:
Eh impressao minha ou o presidente da Corpore estava comemorando o fato da corrida ter ganhado status e ter se tornado um esquema nobre?!
Na minha modesta opiniao isso nao eh para ser comemorado, ainda mais em um pais com a desigualdade em distribuicao de renda e exclusao social que o Brasil tem.
A corrida eh um dos esportes mais democraticos que existem e espero que continue a ter essa imagem e realidade (cada vez mais dificil com os crescentes custos para os participantes).
Eh muito boa a noticia que existe um grande aumento de praticantes e que movimente a economia e que gere muita receita para quem organiza e sedia uma corrida; eh muito bom tambem quem tem condicoes de viajar para participar de uma corrida faze-lo, eh bom para a saude fisica e para o conhecimento geral.
Um dos motivos pelos quais o numero de corredores nos EUA aumenta tanto eh porque corrida eh um esporte barato e em epoca de crises eh a alternativa mais logica.
Desse jeito, daqui a pouco vao criar nas corridas de rua uma "area vip" ou entao um "abada" diferente...
Tomara que nao mudem o significado de "pelotao de elite" nas largadas...
bjos
Bernardo
Be,
obrigada por provocar essa positiva reflexão!
Acho que ele comemora 2 "eventos": o fato de que o esporte se tornou mais popular no país e, consequentemente, está mais ao alcance de todos. Até aí ele mandou bem.
Mas o comentário dele não deixa também de enaltecer que correr agora é "chique", dá status e por isso seria bacana. Aí eu concordo que há sim uma distorção de valores.
Eu acho muito interessante que o país tenha mais essa fonte de turismo, mas viajar para correr é realmente para poucos. Em um país onde o salário mínimo é de R$ 545, quantos corredores podem dispor de, em média, R$ 1.054 para viajar para correr? Poucos.
Correr é até um esporte barato. Participar de provas de rua no Brasil não é. Já falamos sobre isso uma vez, do valor das inscrições das boas provas em SP, MG ou RJ: giram em torno de R$ 90 a 150. É caro, inibe o Corredor de participar de várias corridas ao longo do ano.
Contraditório, não? Correr é barato. Competir não. E os que intencionalmente, atrelam seu compromisso de melhora de performance às provas de rua (como eu, por exemplo)? Podem treinar mas não podem competir devido aos custos envolvidos direta e indiretamente nas provas?
Quando li o fim do seu comentário sobre "área vip", "abadá especial" ou pelotão de elite, fiquei com receio de algum promotor de eventos ler e gostar da idéia! Que fique entre nós pois tendências nesse sentido já existem... me lembrei de uma corrida que haverá em Junho em SP, promovida pela Revista WRun que oferece em seu site 2 kits como opção: um standard que custa R$ 100 e um kit chamado "super luxo" que custa R$ 130 e dá direito a alguns extras, inclusive uma camisa diferente.
Pronto! Agora vamos diferenciar as pessoas na largada não pelo pace mas pelas que podem e/ou topam pagar 30 reais a mais e que não podem/topam.
Eu não topo! Nem pagar, nem correr essa prova. Discordo do conceito!
Obrigada pelos insights!
Beijos!
Ri
Postar um comentário