Nos últimos anos eu entendi que uma coisa é correr. Outra coisa é correr de forma eficiente. Quando se quer praticar a corrida apenas como uma atividade física, a perfeita biomecânica ou a corrida eficiente não importa tanto. Mas quando se busca performance ou quando se busca melhorar os tempos em competições, o gestual da corrida faz a diferença.
Tudo começa com uma boa avaliação da sua corrida que deve ser feita por um profissional experiente. Ele pode diagnosticar os movimentos repetitivos e os vícios que te ajudam ou te atrapalham e pode então te ajudar a corrigi-los usando fisioterapia, exercícios funcionais, etc.
Há 6 meses fiz uma avaliação dessas. Tive minha corrida filmada por um dos profissionais citados no texto abaixo. Nas perspectivas frontal e lateral da filmagem, ele identificou potenciais correções que melhorariam meu gestual na corrida e que poderiam tornar minha corrida mais eficiente, mas, principalmente, ajudar na prevenção de lesões.
Vale a pena investir numa avaliação dessas.
Entenda como correções na biomecânica podem garantir um
rendimento adequado
e seguro por mais quilômetros
Quem busca um recorde pessoal, independente da distância,
sabe que até a mais simples alteração no treino, pode significar segundos
preciosos. Mesmo que a correção da passada não esteja ligada à performance,
correr da maneira mais adequada ajuda a manter o movimento por mais tempo, sem
dores e lesões, e de forma mais eficiente.
“Não adianta somente pensar na eficiência muscular,
cardiovascular e respiratória com os treinamentos. É preciso buscar a
eficiência mecânica”, ensina o pesquisador Vitor Tessuti.
Segundo o fisioterapeuta Renan Malvestio, dependendo da
forma que é realizado o treinamento, o sistema nervoso controla os movimentos
com o objetivo de cumprir a tarefa, independentemente de ser ou não o modo mais
eficiente – mesmo com pequenos desvios biomecânicos.
Esses desvios alteram a distribuição de carga no corpo,
fazendo com que estruturas responsáveis pela absorção de impacto sejam mal
utilizadas (enquanto outros pontos são sobrecarregados), aumentando o risco de
lesões.
Mas como diagnosticar o que está de errado na postura de
cada um? A fisioterapeuta Andreia Miana indica a análise cinemática, que
tem como objetivo mensurar os ângulos dos membros inferiores e pelve, além de
verificar o deslocamento do centro de massa e a movimentação da coluna lombar.
Já Malvestio acredita que o importante é entender
toda a cadeia de compensações e determinar a falha central que leva a esse
comportamento. “O diagnóstico desse movimento deve ser realizado por meio
de uma avaliação biomecânica”.
Tessuti completa lembrando que a reabilitação dura, em média, de
3 a 6 meses, e que as planilhas de treino devem respeitar as novas
exigências. “A boa notícia é que, a partir do momento em que se agregam as
correções ao movimento, o próprio correr passa a ser o treino de manutenção da
boa postura”, completa Malvestio.
Performance x Biomecânica
O movimento correto é sempre mais eficiente e seguro contra
lesões. Porém, postura e performance são questões independentes. O atleta pode
não ter um gesto ideal, mas foi extremamente especializado e treinado, de forma
a ser o mais econômico possível.
Isso é comum em atletas de elite de longas distâncias, que
nem sempre apresentam a postura perfeita. Existem profissionais que se
adaptaram a correr de um jeito teoricamente errado, mas que funciona em termos
de performance durante um determinado tempo. Por outro lado, há também atletas
que poderiam ter ótimos resultados, mas que não despontaram por conta de uma
técnica inadequada.
Fonte: Revista The Finisher – março / abril 2012
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